O conceito de um novo sistema de conversão de energia chamado célula a
combustível começa a despertar interesse cada vez maior na população em
geral, deixando de ser um tema restrito à comunidade técnico-científica e
empresarial. Ele vem sempre associado à crescente preocupação de
preservação ambiental, a automóveis elétricos não poluidores e à geração
distribuída de energia elétrica com maior eficiência.
Este livro
tem por intenção a introdução de profissionais e estudantes ao tema das
células a combustível a hidrogênio, contribuindo para a formação de
recursos humanos nesta área estratégica.
APRESENTAÇÃO
Introdução - Capítulo 1
O
conceito de um novo sistema de conversão de energia chamado Célula a
Combustível começa a despertar interesse cada vez maior na população em
geral, deixando de ser um tema restrito à comunidade técnico-científica e
empresarial. Este conceito vem sempre associado à crescente preocupação
de preservação ambiental, a automóveis elétricos não poluidores e à
geração distribuída de energia com maior eficiência. Porém, o conceito
de células a combustível é bem mais abrangente, e se insere na chamada
“economia do hidrogênioâ€. O hidrogênio é o elemento mais abundante
do universo e foi identificado pela primeira vez pelo cientista
britânico Henry Cavendish, em 1776, sendo denominado de “ar
inflamávelâ€[1]. O gás hidrogênio (H2) não está presente na natureza em
quantidades significativas sendo, portanto, um vetor energético, ou
seja, um armazenador de energia. Para sua utilização, energética ou não,
deve ser extraído de uma fonte primária que o contenha. A energia
contida em 1,0 kg de hidrogênio corresponde à energia de 2,75 kg de
gasolina. Entretanto, devido à sua massa específica (0,0899 kgNm-3 a
0°C e 1 atm), a energia de um litro de hidrogênio equivale à energia de
0,27 litro de gasolina[2].
A obtenção do gás hidrogênio é bastante
flexível, sendo esta uma de suas características mais interessantes.
Pode ser obtido a partir de energia elétrica (via eletrólise da água),
pelas fontes: hidroelétricas, geotérmicas; eólica e solar fotovoltaica,
todas geológicas e também da eletricidade de usinas nucleares. Pode
ainda ser obtido da energia da biomassa (via reforma catalítica ou
gaseificação, seguido de purificação), como: etanol; lixo urbano;
rejeitos da agricultura, etc. As fontes de hidrogênio mais viáveis
economicamente hoje são, entretanto, os combustíveis fósseis (via
reforma catalítica ou gaseificação e purificação): petróleo; carvão e
gás natural. Esta flexibilidade em relação à sua obtenção permite que
cada país escolha a melhor maneira de produzir o hidrogênio segundo suas
próprias disponibilidades. Assim, para citar alguns exemplos, a Rússia
tem a opção de hidrogênio de origem nuclear[3]; a Argentina, por sua
vez, pelo hidrogênio de origem eólico[4] e o Brasil direciona-se na
produção de hidrogênio a partir do bioetanol[5].
Atualmente, as
aplicações não energéticas do hidrogênio correspondem, aproximadamente, a
50, o refino do petróleo a 40 e aplicações energéticas a 10[6], [7].
Portanto, a utilização energética do hidrogênio não é uma novidade.
Quando se ouve falar em hidrogênio vem à mente, de imediato, a ideia de
uma fonte renovável e limpa de energia. Não é bem assim, esta ideia
somente é verdadeira se o hidrogênio for obtido de fonte renovável e,
neste caso, tem-se o chamado hidrogênio verde ou green hydrogen. Se a
fonte é fóssil, tem-se o hidrogênio negro ou black hydrogen, que ainda é
produzido com emissões nocivas ao meio ambiente.
A Economia do Hidrogênio
A
história da humanidade mostra vários períodos de utilização de
diferentes fontes primárias de energia. Assim, pode-se citar a madeira
como a primeira utilizada pelo homem[8]. Segue-se a este período a era
do carvão que, associada a desenvolvimentos tecnológicos, possibilitou a
revolução industrial na Inglaterra. Denomina-se de “economia do
carvão†este período da história, em que grande parte da energia que
alimentava a economia provinha, do carvão. Seguiu-se a “economia do
petróleoâ€, que é a atual com a ascensão da “economia do gás
naturalâ€. Interessante notar que houve uma decarbonização progressiva
das fontes primárias de energia, sendo o metano, hoje, o mais limpo
ambientalmente[9]. Vive-se também uma crescente “economia nuclearâ€,
que tem, entretanto, um crescimento lento devido a fatores de aceitação
pública e de não-proliferação[8]. Seu futuro é incerto, embora muitos
estudiosos afirmem, com certa razão que, em grande escala, não será
possível evitar esta forma de produção de energia num futuro
próximo[10], [11]. Outra observação interessante diz respeito à
geografia. Todos os recursos naturais de fontes de energia primárias
estavam ou estão localizados em certas regiões do planeta, beneficiando,
naturalmente, os países destas regiões. Este fato, inevitavelmente,
gerou e gera conflitos político-econômicos e até guerras.
Considerando-se
que as fontes fósseis são finitas e, portanto, os preços aumentam
gradativa e seguramente, seu consumo é ineficiente sob o ponto de vista
energético, a localização de suas reservas geram conflitos políticos e,
por fim, mas não menos importante, que a queima destes combustíveis gera
emissões nocivas ao meio ambiente (exceto a nuclear), pode-se sonhar
com uma Economia do Hidrogênio. Projeta-se para a década de 2080 que 90
da energia provirá do hidrogênio[8]. Seguramente, o gás natural fará,
como fonte principal de hidrogênio hoje, uma ponte entre o hidrogênio
negro e o verde, de origem não fóssil. Por volta de 2080, então, as
emissões poluidoras do meio ambiente seriam insignificantes; a
eficiência de conversão energética química/elétrica seria pelo menos o
dobro da atual e os conflitos geopolíticos seriam atenuados. Todos os
fatores listados acima corroboram com a introdução da economia do
hidrogênio na nossa sociedade. Quais seriam então os pontos críticos
para este desenvolvimento? O primeiro é o fato de o hidrogênio ser um
vetor energético, ou seja, não estar disponível na natureza, elevando o
seu custo a valores não competitivos comercialmente para fins
energéticos em grande escala. Outros pontos críticos seriam a segurança
em seu manuseio, seu armazenamento e transporte assim como o
desenvolvimento tecnológico e o preço das células a combustível,
equipamento mais adequado para sua conversão em energia elétrica (e
térmica). O debate é amplo, necessário, e às vezes controverso, não
apenas da comunidade científica, como também dos políticos responsáveis
pelas ações estratégicas e empresários do setor.
Entretanto, podem-se
citar alguns consensos sobre a futura economia plena do hidrogênio. A
primeira é que esta já começou, não se tratando, portanto, de assunto do
futuro, como se ouve, frequentemente. As tecnologias de células a
combustível, da produção, do armazenamento e transporte de hidrogênio já
existem, embora ainda não maduras[6]. A degradação do meio ambiente e
suas consequências, como o aquecimento global é um fato insustentável a
médio e longo prazos[12]. Portanto, o que falta para acelerar a
introdução desta nova economia no planeta? Resumidamente, redução de
custos, tanto da produção de hidrogênio como de células a combustível;
amadurecimento destas mesmas tecnologias para aplicações automotivas,
estacionárias e portáteis, e instalação de infraestrutura adequada à sua
utilização. Neste ponto uma comparação faz-se útil. Imagine os tempos
iniciais da invenção do automóvel. Não havia infraestrutura para a
rolagem dos automóveis, que acarretava, por sua vez, preços proibitivos.
A gasolina não era nem abundante nem barata e tampouco se encontrava em
cada esquina. Pois bem, aproximadamente cem anos depois, o automóvel
tornou-se acessível, existem estradas para sua rolagem e pode-se
abastecê-lo em qualquer lugar, ou seja, aprendemos a lidar com o
combustível. Com a produção em massa dos equipamentos e o aumento do
mercado, os preços caíram. Esta mesma curva de aprendizado aplica-se,
obviamente, à nova economia do hidrogênio.
Uma outra grande mudança
ocorrerá com a introdução da economia do hidrogênio. As células a
combustível se prestam à geração distribuída de energia elétrica, com
unidades de relativo pequeno porte (alguns Watts até alguns MW), se
comparadas com as centrais elétricas atuais (de até milhares de MW)[9].
Entende-se por geração distribuída de energia elétrica a geração in
loco, independente da rede, com a compra, então, de um combustível,
hidrogênio, ou mais adequadamente, um combustível primário rico em
hidrogênio, a ser reformado localmente, fato que evita dispendiosas
linhas de transmissão, e que, consequentemente, aumenta a confiabilidade
desta energia produzida localmente, evitando ou minimizando apagões.
Outra observação leva à seguinte reflexão. Como o hidrogênio pode ser
obtido de diversas maneiras, qualquer país ou região do planeta pode
obtê-lo. Neste caso, com a introdução da Economia do Hidrogênio tem-se,
pela primeira vez na história da humanidade, uma democratização das
fontes de energia, que seguramente vai gerar mais progresso e menos
tensões políticas[1].
Os obstáculos à introdução da economia do
hidrogênio não se configuram como dificuldades intransponíveis[6]. Ao
contrário, apontam um elenco de oportunidades para o surgimento de novas
empresas de bens e serviços, como demonstrado pelas tecnologias
emergentes do setor. O Brasil está elaborando seu roteiro para a
economia do hidrogênio e possui um programa nacional de pesquisa e
desenvolvimento para a tecnologia de célula a combustível e hidrogênio.
Atualmente, várias instituições brasileiras estão atuando em áreas de
pesquisa e desenvolvimento neste setor com vários projetos em andamento.
Novas empresas brasileiras já apresentam produtos para esta nova
tecnologia (Electrocell, Unitech e Novocell, entre outras).
O etanol no Brasil
A
opção brasileira pelo hidrogênio obtido, principalmente, do etanol
deveu-se a vários fatores, que tornam esta escolha interessante. O
etanol é um combustível líquido, de fácil armazenamento e transporte, já
havendo toda a infraestrutura para produção, armazenamento e
distribuição em todo o território nacional. Além disso, o etanol possui
outras características muito importantes, como ser pouco tóxico e ser um
biocombustível, portanto, renovável. É um insumo rico em hidrogênio. A
participação do etanol na matriz energética nacional tem crescido muito
nos últimos anos (em 2006, correspondia a 14[13] e, em 2007, a 16,
tornando-se a segunda fonte de energia da matriz nacional),
principalmente devido a dois fatores: a sua mistura à gasolina (de 20 a
até 25) e o grande desenvolvimento e sucesso comercial dos carros
chamados flex ou bicombustíveis.
O etanol brasileiro, produzido a
partir da cana-de-açúcar, é o biocombustível mais produtivo do mundo
hoje, com 6.000 litros/hectares-ano, a um custo de US$ 0,22 por litro
(anidro). Esta produtividade pode crescer até 14.000
litros/hectares-ano, com o desenvolvimento de novas tecnologias. Apenas
por comparação, o etanol do milho nos EUA tem uma produtividade de 3.000
litros/hectares-ano. Outro ponto interessante é o seu excelente balanço
energético. Cada Joule não renovável, usado na produção de etanol,
resulta em 9 Joules renováveis. Outra vez, a título de comparação, esta
relação para o álcool dos EUA é de 1,5 e para o biodiesel na Alemanha é
de 3,0[14].
A produção atual de etanol no Brasil é de aproximadamente
vinte bilhões de litros por ano, o que corresponde a uma área ocupada
para plantação de 5,4 milhões de hectares (0,6 do território nacional). A
área apta a esta cultura é de 12 do território nacional. A cobertura
vegetal do Brasil é de 851 milhões de hectares, dos quais 464 milhões de
hectares (54) são florestas; 297 milhões de hectares (35) são para
agricultura e pastagem; 73 milhões de hectares (9) são campos e savanas e
17 milhões de hectares (2) são cidades, rios e outros. Principalmente
as áreas de pastagem degradadas são previstas para o aumento da demanda
desta plantação, sem, então, prejudicar recursos naturais ou produção de
alimentos[13]. Podem-se salientar, ainda, outros motivos para a
utilização do etanol como armazenador renovável de hidrogênio, além da
grande produção e distribuição em todo o país. A experiência prévia em
normas e comercialização; o fato de ser menos tóxico que o metanol;
questões ambientais, (efeitos de emissões da queima do etanol ainda não
estão bem estudados)[15] e de eficiência em relação à sua combustão
direta, e, finalmente, ser viável para distribuição em regiões isoladas.
As células a combustível
O
desenvolvimento da tecnologia de células a combustível tem crescido nos
últimos 40 anos devido a vários fatores, como o desenvolvimento na área
de novos materiais e a crescente demanda por fontes de energias limpas e
eficientes. Embora a tecnologia de células a combustível não esteja
ainda completamente estabelecida, verifica-se que a sua implementação no
mercado não deve tardar, pois já está assegurada em nichos onde o fator
meio ambiente é preponderante. Além disso, este energético pode, num
médio prazo, dependendo de seu desenvolvimento tecnológico, representar
um papel importante no cenário mundial de energia. Células a combustível
são, em princípio, baterias, ou seja, conversores diretos de energia
química em energias elétrica e térmica, produzindo corrente contínua
pela combustão eletroquímica a frio de um combustível, geralmente
hidrogênio[16]. Entretanto, elas diferem das baterias por possuirem
alimentação contínua externa de um combustível. Células unitárias
apresentam um potencial aberto de 1 a 1,2 V e liberam, sob solicitação,
de 0,5 a 0,7 V(CC). Estes valores de potencial são, sob o ponto de vista
prático, muito baixos. A necessidade de empilhamento em série de várias
unidades de células (200 a 300, também chamado módulo) torna-se óbvia, a
fim de se obter potenciais práticos da ordem de 150 a 200 V[17]. Uma
das vantagens inerentes às células a combustível é a sua eficiência
relativa ao combustível. Geralmente, classificam-se os vários tipos de
células a combustível pelo tipo de eletrólito utilizado e,
consequentemente, pela temperatura de operação[16]. Os principais tipos
de células de baixa temperatura de operação (de temperatura ambiente até
200°C) são[18]: as células alcalinas (alkaline fuel cell), ou
simplesmente AFC; as células a membrana polimérica trocadora de prótons
(proton exchange membrane fuel cell), ou PEMFC; as células a ácido
fosfórico (phosphoric acid fuel cell), ou PAFC. Os principais tipos de
células de alta temperatura de operação (de 200°C até 1000°C) são[18]:
as células a carbonato fundido (molten carbonate fuel cell), ou MCFC;
as células de óxido sólido (solid oxide fuel cell), ou SOFC. Esses dois
tipos de células, MCFC e SOFC, encontram-se, atualmente, em uma fase de
desenvolvimento tecnológico e comprovação técnico-econômica[19].
Bibliográfia do Capítulo 1
1) Jeremy Rifkin; A economia do hidrogênio, M. Books, São Paulo, 2003.
2)
Emílio Hoffmann Gomes Neto; Evoluir sem poluir - a era do hidrogênio,
das energias sustentáveis e das células a combustível, BrasilH2 Fuel
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9) Frano Barbir; PEM fuel cells - theory and practice; Elsevier, Amsterdã, Holanda, 2005.
10)
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Parliament, v. 11, Bruxelas, Londres, Paris, janeiro, 2008.
11) Digby D. MacDonald; Fueling the hydrogen economy, Materials Today, p. 64, junho, 2004.
12) Intergovernmental Panel on Climate Change. Special report, 2000.
13) Ministério de Minas e Energia, Balanço Energético Brasileiro de 2006.
14) International Energy Agency, 2005.
15)
Macedo, I. C.; Leal, M. R. L. V.; Ramos da Silva, J. E. A.; Assessment
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Brazil, Government of the State of São Paulo, report of the Secretariat
of the Environment, abril, 2004.
16) Vielstich, W.; Lamm, A.;
Gasteiger, H. A.; Handbook of fuel cells - fundamentals, technology and
applications, v. 1, Inglaterra, John Wiley & Sons Ltd, 2003.
17) Wendt, H.; Götz, M. e Linardi, M.; Tecnologia de células a combustível, Química Nova, 2000, 23(4).
18)
Linardi, M.; Wendt, H.; Aricó, E.; Células a combustível de baixa
potência para aplicações residenciais, Química Nova, no 3 p. 470-476,
2002.
19) Fuel Cell Seminar 2007, San Antonio, Texas, EUA, november, 2007
SOBRE O AUTOR
Marcelo Linardi é graduado em engenharia química pela Universidade
Estadual de Campinas, Unicamp (1983), com mestrado em Ciências Nucleares
pelo Instituto Tecnológico de Aeronáutica ITA (1987), doutorado em
engenharia química pela Universidade de Karlsruhe, Alemanha (1992) e
pós-doutorado pela Universidade de Darmstadt, Alemanha (1998).
Atua
como pesquisador titular no Instituto de Pesquisas Energéticas e
Nucleares IPEN/CNEN-SP. Tem experiência na área de química e engenharia
química, com ênfase em energias alternativas, atuando principalmente nos
temas: célula a combustível, eletroquímica, eletrocatálise, hidrogênio e
etanol.
Orienta teses de doutorado, dissertações de mestrado,
trabalhos de iniciação científica, estágios e pósdoc, na pós-graduação
da USP/IPEN. Atua no PROH2, Programa Brasileiro de Células a Combustível
e Hidrogênio do Ministério de Ciência e Tecnologia.
Atualmente,
responde pelo cargo de gerente do Centro de Células a Combustível e
Hidrogênio CCCH do IPEN. Para mais detalhes acesse:
http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/busca.do?metodo=apresentar
ÍNDICE
Prefácio, 11
1 - Introdução, 13
2 - Células Galvânicas, 21
3 - Cinética do Eletrodo, 33
4 - Células a Combustível, 63
5 - Sistemas de Células a Combustível, 109
6 - Perspectivas, 135
Detalhes | |
Autor | MARCELO LINARDI |
Editora | ARTLIBER EDITORA LTDA |
Encadernação | BROCHURA |
Especialidade | ENGENHARIA, QUIMICA |
ISBN | 8588098520 |
ISBN13 | 9788588098527 |
Lançamento | 1ª Edição - Ano 2010 |
Páginas | 152 |
INTRODUCAO A CIENCIA E TECNOLOGIA DE CELULAS A COMBUSTIVEL
- Autor: Marcelo Linardi
- Disponibilidade: Em estoque
-
R$48,00